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Jul21

Pedro Tamen (1934-2021)

instantes

Pedro-Tamen-interno-poesia.jpg

 

Faleceu esta Quinta-feira o Poeta e Tradutor Pedro Tamen, aos 86 anos.

 

Poema 1:

A minha morte, não ta dou.
De resto, tiveste tudo
– a flor, a sesta, o lusco-fusco,
a inquietação do dia 8,
as órbitas das mães, das mãos,
das curiosas palavras de não dizer nadinha.
Tudo tiveste: estás contente?
Feliz assim por teres tudo o que sou?
Feliz por perderes tudo o que sei?
Só não te dou o que não serei.
Não, a minha morte, não ta dou.

 

Poema 2:

O mar é longe, mas somos nós o vento;
e a lembrança que tira, até ser ele,
é doutro e mesmo, é ar da tua boca
onde o silêncio pasce e a noite aceita.
Donde estás, que névoa me perturba
mais que não ver os olhos da manhã
com que tu mesma a vês e te convém?
Cabelos, dedos, sal e a longa pele,
onde se escondem a tua vida os dá;
e é com mãos solenes, fugitivas,
que te recolho viva e me concedo
a hora em que as ondas se confundem
e nada é necessário ao pé do mar.

 

Pedro-Tamen.jpg

 

25
Dez16

"História Antiga", Miguel Torga

instantes

Era uma vez, lá na Judeia,  um rei,

Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquele figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E na verdade, assim acontecia,
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Ou não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
 

miguel torga3.jpeg

 

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